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POESIA SEM TEORIA

A poesia prescinde de estratégias didáticas. Ela está mais fortemente ligada à capacidade do autor de se conectar a si, a suas vulnerabilidades, de sensibilizar-se e ver generosa e profundamente o que muitos não veem. Esta oficina é voltada para amantes de literatura e a quem deseja iniciar-se na escrita de poesia e prosa. É dividida em momentos expositivos, de leitura de textos poéticos e também de exercícios de escrita criativa.

Inscrições pelo site https://www.sympla.com.br/poesia-sem-teoria__889870 ou email tulio@tulioborges.com.

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Nem cachorro ele tem

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Nem cachorro ele tem

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não lê, não estuda, não sabe de música, não entende de arte, não tem curiosidade, não tem conhecimento, não tem empatia, não tem modos, não tem educação, não tem respeito, não tem honra, não tem lealdade, não tem história, não tem caráter. nem cachorro ele tem!

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O novo single!

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O novo single!

em tempos bicudos, de presidente altamente tabacudo e pastores canalhas, vou repartir "o pão" com vocês. é o nome do single que lanço dia 24 deste mês! quem quiser ouvir em primeira mão, clique aqui!

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Égua doido!

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Égua doido!

Fala, gente! Bão?

Muito curioso que comecei a receber recentemente muitas mensagens semanais sobre uma música em particular: Forrodá (Forró que Rola), que gravei no álbum Batente de Pau de Casarão. É que a música está rodando na abertura de um programa muito bom no Youtube, chamado Égua doido!, do canal Cansei de Ser Chef. Quem o apresenta é o doidinho do Bruno Salomão, um feríssima na cozinha.

Você pode ouvir a música aqui embaixo, ou no Youtube, Spotify, Deezer, etc.

Abração!
Túlio Borges

FORRODÁ (FORRÓ QUE ROLA)

O meu negócio é forrodá
Forró rodar
Forrar um canto pra cair
Deixa ficar
Forçar, fuçar, forrar, rolar
Deixa dormir
Estar contigo no fó
Do ró fó ri

Fumacear, virar tatu
Beirando o sul
Deixando o céu relampear
Só eu e tu
Traçar, trançar pau de bambu
Surucucu
E a cobra entrou no forrodá
É forrodá

Tem forró que rola
Sanfona chamando a gente
Moça com rapaz contente
Noite sem pressa e sem hora
O meu negócio agora
É fazer curva no vento
Tirando o que tava dentro
Botando o que tava fora

Saculeja o fole
Tem tempo pra mais um beijo
Quero matar meu desejo
Com a tua animação
O zabumbeiro zaba
Trava cachaça com queijo
Me lembro daqueles beijos
Na virada do salão

Tem forró que rola
Tem forró que rola
Sanfoneiro rela o bucho
Mas não deixa a gente embora

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lindoaldo campos

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lindoaldo campos

"Puta merda, poeta! Ficou arretada demais. Esse negócio é foda, pois queria mesmo era lhe dar um cheiro de todo tamanho. Eita, que Cancão (com Sabino, claro) está feliz demais, mestre. Obrigado por esse presente de vida!".

Isso escreveu a respeito, da música 'Porque Sabino Morreu', Lindoaldo Campos, poeta e o maior estudioso de Cancão.

"Em demanda de sua reunidade com a natureza, Cancão outrava-se nos passarinhos e nos gatos. No sabiá que sonha e que tem o ninho roubado e também em Sabino (que até apelido tinha: Bino) e em Caetano - gatos que eram ele mesmo: manso, carinhoso, discreto, estiloso, brincante: um menino, portanto.
Só Cancão, por isso mesmo poderia, exprimir o que Caetano sentiu porque Sabino morreu; era os dois: o que sofre dum mal inexprimível, “dum mal horrendo e tirano” e o que sofre pela morte de si sem direito a sepultura.

Cancão por isso mesmo poeta intraterrestre, em quem em cada verso lateja o mundo todo de dentro com a força de humanar o nosso mundo menor."

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A parceria leva a gente mais longe e traz felicidade de onde não se vislumbrava.

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Choro do Antonio


Essa canção é parceria com o Renato Frazão, compositor que admiro muito. Quando fui ao Rio em 2015, ele me abriu as portas de casa para apresentar muitos músicos dali. Desde então, a gente se encontra pouco, mas se gosta muito e ainda por cima compomos junto e somos parceiros. Na última ida ao Rio, o Marcelo Fedrá gravou o encontro. 'Choro do Antonio', melodia que fiz fiz para o filho do Renato.

CHORO DO ANTONIO
Túlio Borges / Renato Frazão

Quando eu morrer
Quando eu me for
Pra lá, depois do fim
No interior, em si
Guarda bem com você
Qualquer coisa de mim
Assim como eu guardei do seu avô
Que lhe faça feliz
Pois tudo mais não tem valor
Perde o verniz, o viço, a cor

E quando o medo
O desamor
Qualquer coisa ruim
No interior, em si
Vier lhe abater
Não se esqueça de mim
Serei o vento a dar a direção
Do sol serei a luz
Pra além da dor e da razão,
A que conduz ao coração                                               

Deixarei meus versos de amador
Feitos com alguma inspiração, muito suor
Tá bom, mas em compensação
Querer-lhe bem eu sei de cor

Fica pra você o que juntei
Notas e mais notas
De tão pouca precisão
E mais as linhas que tentei
Traçar nesse choro canção

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porque sabino morreu

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porque sabino morreu

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Já está disponível em todas as plataformas o single ‘Porque Sabino morreu'. Fiz esta canção sobre os versos do poeta João Batista de Siqueira, mais conhecido no sertão de pernambuco pelo apelido de Cancão e um dos maiores poetas da região.

Ela foi gravada despretensiosamente no estúdio Casa do Som, quando fui em verdade testar um microfone de voz. Terminei fazendo as vozes, violão e guitarra. Dudu Maia fez o violão de aço e as percussões.

A arte da capa ficou por conta do Gregório Soares e o bordado da Laura Carmelina.

Porque Sabino Morreu

Túlio Borges / João Batista de Siqueira

Sabino foi atacado
De um mau horrendo e tirano
E o pobre do Caetano
Nunca saiu de seu lado
Depois, vendo-o liquidado
Olhou, cheirou e lambeu
Foi quem mais sentido deu
Do reino dos animais
Brincava, não brinca mais
Porque Sabino morreu

Finalizou-se Sabino
Que me queria e amava
Sempre me acariciava
Quando eu lhe chamava Bino
Com a morte do menino
Caetano se comoveu
Num instante emagreceu
Só quer viver cochilando
Ou no terreiro miando
Porque Sabino morreu

Viviam pela calçada
Um saltava o outro corria
Caetano se escondia
Para brincar de emboscada
Hoje, coitado, sem nada
Lembra o irmão que perdeu
Parece que adoeceu
Ou que também não existe
Passa o dia todo triste
Porque Sabino morreu

Me assaltava no caminho
Saía em toda carreira
Voltava na brincadeira
Pra me encontrar com carinho
Coitado do meu bichinho
Tão pouco tempo viveu
Hoje no aposento meu
Figura um jazigo aberto
Triste, sombrio e deserto
Porque Sabino morreu

Resolvi-me a cavar
Pra ele a sepultura
Mas como o mundo censura
Não pude lhe sepultar
Veio um faminto do ar
Baixou, pousou e comeu
Não há mais vestígio seu
Nem mesmo por despedida
Devo sentir toda a vida
Porque Sabino morreu

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meu amiguinho partiu

dori.jpg

não sabia nada da vida dormindo sozinho e alheio do mundo no meio de um cercadinho terreno enquanto todos os seus irmãos, não caramelo-preto-branco mas pretos e um pouco maiores, se acabavam em lambida e cambalhota na primeira barraquinha da feira de cães em que eu parei. meu corpo todinho, todo meu passado, tudo o que tivera até então, todas as minhas sobras e faltas o escolheram sem outra cogitação, com a naturalidade do instinto ou como o reconhecimento de si no outro. quando acordou, já estava no meu colo e quando deu por si respondia a chamados por 'dori', o pequeno para dorival caymmi borges, nome de batismo de amor escolhido pra substituir 'bruce marrone' no pedigree. estabeleceu desde então pouca coisa de que não abria mão e foi compreendido. estava fadado como nós a ter uma vida imperfeita, cheia de faltas. no entanto, sempre precisou de pouco pra ser tibetanamente feliz: uma almofada, tapete ou pano por cama, basicamente e um pratinho de qualquer ração e água. nunca teve gosto por brinquedo ou passa-tempo, mas sempre amou carinho com o mais profundo prazer e a ele se entregava não só com o corpo mas com a inteireza de sua alminha limpa sem um traço de má-índole ou maldade.

passeamos muito. ficamos muito a sós. brincamos, amamos e aprendi a ser um pouco menos idiota. me ensinou a ser pai, me ensinou sobre mim, sobre um amor mais calmo e silencioso. preparou o caminho pro nino, meu filho humano, o meu filhinho canino, meu fifo, fifão, doroco, dorico, dorô, príncipo, boxeur, bailarininho. envelheceu como os nossos corpos falhos, o coraçãozinho soprando, o pitoquinho da audição bem baixo, hipertenso - mas a alma, o amor e seus olhos grandes intactos. nunca choraram o que o mundo porventura não lhe pôde dar. e o que certamente não pudemos oferecer por mais pura falta humana da fineza animal. reencarnação de um lama muito doce que nessa vida não pecou e pode voltar a ascender.

meu parceirinho do mundo partiu hoje sem que eu pudesse sentir o quente do seu ar e seu corpinho. quando retorno não mais seus barulhinhos e tanta coisa que vou dar por sentida falta, cujo buraco nada mais enche, sendo as ausências mesmo não conscientes mais que as pequenas memórias o que levarei tatuado pro fim. meu amiguinho se vai deixando um irmão humano mais novo alheio no meio do cercadinho de um mundo feio prestes a ficar mais feio; uma mãe amorosa e muito triste e um pai mais só. que seu eterno descanso seja o alimento de uma árvore próxima. que sua memória em mim seja sempre um alento, uma calma e um momento de simples amor. que nossa família seja melhor pelo máximo respeito a sua existência. obrigado por tudo e siga em paz, amigão

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